[Residência ] Seleshynya

Yui e os olhos escarlates

Abri os olhos lentamente e fui esticando os braços aos poucos. Eu não sabia explicar, mas bastante barro estava grudado em meus membros e que foram caindo e esfarelando no chão, já bem seco. Minha cabeça e meu corpo dois bastante, eu havia perdido muita coisa da batalha que estava acontecendo. Olhei rápido para os lados, ainda preocupado, acreditando estar no campo de batalha. Vi que tudo estava mais calmo, estávamos em um local fechado e meu semblante começava a se tornar tranquilo, ou era isso que eu pensava. Tornei a olhar para o lado e, dessa vez, vi Kai ajoelhado e escorado com as duas mãos no chão. Eu não fazia ideia se as gotas em seu rosto eram suor ou lágrimas, mas ele estava tentando fazer algo ali no chão.

Escorei meu braço rapidamente e ergui minha cabeça, para tentar ver com o que Kai se preocupava tanto, a ponto de perder totalmente sua expressão.

- Kai? - cutuquei seu ombro - o que está acontec-....

Por um breve momento, esbarrei minha mão em um líquido gelatinoso, ainda contendo expressões do que aquilo poderia ser. Eu já sabia das características do clã da Yui e, de fato, ela não estava mais ali, coisa que eu deveria me preocupar.

- KAI! ONDE ESTÁ A YUI??! - tentei obter sua atenção mais uma vez.

Nada parecia claro para mim. A última coisa que eu lembro de acontecer era o Joki Boi de Yui cair e... Sim, explodir. Foi aquilo que causou meu desmaio. Quando eu cheguei no Edifício para tentar ajudar, Yui já estava bem fraca, e algo poderia ter acontecido depois que apaguei. A explosão do Joki Boi, provavelmente, resultou em uma desidratação de Yui, fazendo-a se liquefazer e consequentemente ficar naquele estado.

- Kai... N-Não me diga q-que essa é a Yui... - falei em tom de choro - N-Não me diga que a nossa a-amiga foi morta por aqueles imbecís...

Minha cabeça começava a girar, tudo aquilo que estava acontecendo era demais para mim, eu não conseguiria perder um de meus melhores amigos daquele jeito. Encostei naquele líquido pegajoso, que se dizia ser a Yui, e ele passava entre meus dedos e tornava a cair de volta no chão. Tudo que a Yui se tornou eu não podia, sequer, segurá-la em minhas mãos; como então eu acreditei poder protegê-la?! Eu era um verdadeiro fraco, o pior de todos. Neste momento, pude perceber que meu Sharingan se encontrava totalmente ativado, apesar de que eu não lembro de tê-lo feito.

Cerrei meus punhos e mudei meu tom, eu não estava triste com a morte de Yui, eu estava com ódio daqueles que tentaram a atacaram e causaram sua morte. Tentei segurar um pouco as lágrimas, apesar de parecer não adiantar, e me ajoelhei diante do que restava de Yui. Desferi um soco com todas as minhas forças contra o chão, tudo aquilo que eu havia conhecido, minhas amizades, meu caráter, nada disso importava agora, eu estava consumido pelo ódio. Levantei-me do chão devagar e ignorei completamente a presença de alguém que estivesse por ali, seja do Kai, seja de outra pessoa, eu só buscava vingança. De costas, voltei meu rosto para o Kai, de modo que ele visse apenas o brilho escarlate dos meus olhos.

- Não me siga, eu vou lá acabar com isso agora! - bravejei - A última coisa que aquele maldito Mizukage vai ver são esses olhos.

Eu não podia estar são para falar algo deste tipo, lutar contra o esquadrão anbu e o Mizukage era suicídio, mas àquela altura, isso pouco importava. Dei um passo em direção a porta e senti minha cabeça doer estrondosamente, eu não sabia o que estava acontecendo com meu corpo. Agachei-me novamente e me virei para o que restava de Yui e caí novamente em lágrimas.

"Me perdoe por tudo Yui, eu não queria que as coisas acontecessem dessa forma... Eu vou vingar-te."

Muitas emoções passavam por minha cabeça nesse momento, vagas lembranças de minha amizade com Yui e Kai, éramos um trio inseparável, prometemos lutar um ao lado do outro. Junto à isso, eu também podia ver breves imagens dos meus pais, que foram mortos por bandidos, tentando me consolar. A verdade é que a face de Yui continuava em minha mente, eu tinha, talvez, uma paixão por aquela mulher tão incrível e encantadora dos cabelos brancos e dos olhos azuis. Estiquei meu braço para tentar encostar nela, mas em vão, eu estava distante demais de seu corpo.

Minha cabeça começava a doer mais uma vez, forçando-me a fechar meus olhos. Eu sentia que alguma coisa estava acontecendo comigo, alguma mudança estava por vir, mas eu não sabia dizer o quê. Eu sabia que se eu abrisse novamente os olhos ali, agora, seria-me revelado um mundo completamente novo, um mundo onde eu poderia proteger meus amigos. Por isso, fui abrindo meus olhos lentamente, enquanto mantia o foco na Yui e Kai (em segundo plano).

Considerações:

Equipamentos:

Doujutsu Ativado:

Yunogetsu, nunca gostou do final do seu nome, por isso todos que perguntavam ela dizia Yuno e muitos desconheciam seu clã,  era uma jovem gennin.  

Havia acabado de se graduar, seus cabelos azuis eram a copia dos de sua mãe, uma lendária Kunoichi de kiri que havia se aposentado ainda jovem por motivos só a garotinha sabia; Yuno, no entanto, não tinha nada de lendária pelo contrário, era uma ninja até certo ponto medíocre, pois não treinava o suficiente, talvez fosse a falta de incentivo próprio ou o fato de ter nascido após a grande guerra... Nunca tinha visto mortes em grande escala e foi por isso que se assustou com a bagunça que havia acontecido perto do gabinete do mizukage.

"Será que fomos atacados?"

Pensou instantaneamente quando viu os membros da anbu e outros ninjas de rank alto atancando e lutando de forma tão impiedosa, ela queria ajuda-los, mas sua racionalidade impediu, era uma inutil, não poderia ficar alí, iria apenas atrapalha-los, pois suas habilidades eram incomparaveis com as do ninjas que lutavam bravamente. Então, após observar estaticamente alguns segundos aquela batalha que se seguia,  fez o que qualquer garota faria,  saiu correndo e foi buscar ajuda; no fim das contas estava na área residencial. A jovem ninja pensou que  alguém mais velho poderia ajudar e assim ela iria pelo menos tirar o peso da culpa dos próprios ombros. Uma certa garota alta estava parada em frente a uma casa, a ruela estava estranhamente vazia então foi a única pessoa que pôde recorrer, quando estava a quase 10 metros de distância ja viu a bandana reluzindo na mulher. "melhor impossível, ela também é uma ninja".

Assim quem ele se aproximou a mulher entrou na casa e ela sem a possibilidade de desistir entrou atrás. A porta já estava aberta então só foi entrando, parou um pouquinho para respirar um pouco atrás das costas da jovem alta, Yuno se arrependeu de ter corrido tanto e o mais rápido que pôde foi logo se apresentando.

-Oi tudo bem, desculpa a intromissão mas você foi a primeira ninja que vi pelos arredores e tem cara de ser adulta então, viu a bagunça que aconteceu lá fora? Eu não sei bem o que podemos fazer, tem alguma ideia? - Percebeu que a casa tava um pouco escura e foi logo acendendo a luz - Bem melhor sem essa escuridão que deixa as coisas tão obscuras né? - Por fim olhou mais pra dentro e viu que haviam dois homens e uma mulher aparentemente descansando e todos usavam bandanas.

Qualquer pessoa acharia aquela cena um tanto quanto estranha, havia uma certa tensão no ar, a primeira ninja que ela havia visto parecia irritada, os rapazes estavam cabisbaixos, como se algo muito ruim estivesse acontecendo, detalhe que até faltavam algumas roupas naqueles rapazes, a a garota bem tava parecendo que estava morta porque nem o tórax se mexia. Mas Yuno era tão positiva em suas visões que desconsiderou tudo aquilo e sorriu. Na sua cabeça devia ser assim que as pessoas confraternizavam - Ótimo, tem muito ninja aqui, algum de vocês sabe o que aconteceu no centro mais cedo? - Enquanto divagava sobre o acontecido olhei bem para a garota que aparentemente dormia e descobri que eu conhecia bem aquele rosto, parecia a minha prima.-  Essa é a Yui? O que aconteceu?

Sem medo de ser atacada ou coisa do tipo aproximou-se do cadaver da prima e tocando-a percebeu que a pele não transmitia mais o calor dos corpos vivos. Sussurrou uma prece aos deuses em silêncio e com a voz embargada sem tirar os olhos da jovem que a pouco havia se tornado íntima setenciou. - Foram vocês que assassinaram o Mizukage não é mesmo? Minha prima só morreria para alguém do nível dele. - Uma lagrima escorreu dos olhos da criança que escondeu os olhos com a cabeleira azulada e acariciou o rosto gelado da parente numa despedida silenciosa. - Aquele garoto. - Apontou para o ninja que estava desacordado pelo nocaute do primeiro ninja. - Ele a amava pelo visto, então vou dar um voto de confiança em você.



No entanto conforme os anos passam e as crianças crescem uma parte do seu ser vai se atrofiando, aquela parte geralmente bondosa, ingênua, altruísta e inocente; Tal ritual é normal em todas as sociedades, pois viver requer atitudes que muitas vezes forçam o ser humano a pensar em si próprio,  mas na sociedade estabelecida para o  mundo ninja crescer não é gradual, muitos crescem num mês, outros ninjas crescem em um dia, e o mais infeliz dos ninjas pode crescer num instante. Cada um tem seu tempo, seu momento: a morte de um familiar, um companheiro de time, a destruição de uma vila, um assassinato, uma sequência de missões... São fatores diversos que contribuem para  o crescimento de um ninja, crescimento doído que pode tirar toda a inocência de uma vez ou gradualmente dependo de cada ser.

Yuno não havia crescido, a jovem gennin  ainda não entendia o mundo ninja, ela era uma shinobi sim, mas uma shinobi que não tinha visto sangue, morte, dor, fome ou injustiças. Estava repleta de esperança, inocência, ingenuidade, e mesmo que se considerasse fria e individualista, mesmo que cresse nessa sua personalidade, estava longe de se-lo. Provavel que o tempo tomaria para si a missão de  torna-la indiferente aos seus semelhantes.

Ninjas eram peões na mão de outros ninjas que se consideravam reis.  A partir do momento que é colocado a bandana, o shinobi deve obedecer as ordens e planos, mesmo que ao obedecer você se torne uma mera Distração para concretizar estratégias feitas por superiores que agregam a responsabilidade de objetificar a vida. Teria sido o caso de sua amavel prima? Yuno estava decidida a descobrir.

- Senhora. - referiu-se a provavel dona da casa - Acho que agora saberemos o que aconteceu mais cedo e o porquê.

Kai, como aprendera, estava cansado, era vísivel, sua prima jazia a algum tempo, certamente não pertencia mais a esse mundo e o outro acompanhante estava desmaiado devido seu estado psicológico alterado. A única pessoa que parecia manter a o bom senso era Seles, preferia chamar assim até mesmo em sua mente pois o nome era muito grande e complicado para Yuno recordar. Suspirou chateada com a situação, certamente se voltasse ao clã teria que ser o arauto da má notícia de que o prodígio do da família acabara morrendo como uma traidora da aldeia. Ela certamente não queria aquilo, preferiria que Yui falecesse como uma heroína, como protetora da vila. Então olhou para Kai e se apresentou. - Meu nome é Hõzuki Yunogetsu, gostaria de preparar e enterrar Yui de acordo com os costumes de nossa família. - Sabia que era um pedido dificil para o rapaz que aparentemente era companheiro de sua prima, mas ela se sentia no dever de honra - la. - Vou enterra-la no cemitério de nosso clã, creio que por eu ser de lá não irão desconfiar de mim. - Sabia que na lapide nao poderia conter o real nome de Yui, pois mais cedo ou mais tarde todos receberiam a noticia de que ela fora a assassina do mizukage, mas talvez pudesse colocar uma alcunha para que os mais próximos tivessem um lugar para lhe prestar homenagens. - Gostaria de saber se Yui possuía algum apelido ou alcunha que eu possa usar em sua lapide, já que seu nome não poderei usar. Por ser próximo dela saberia me dizer?

Esperei a resposta para enfim me retirar e começar a tarefa de enterrar a única família que havia me restado naquele mundo sangrento

Recomeço

Eu já havia dormido tempo demais. Após adquirir o Mangekyou, a última coisa que eu me lembrava era de sentir um toque de leve na nuca. Ergui meu corpo e vi Kai deitado de um lado do quarto. Fui me aproximando devagar e tentei acordá-lo.

- Vamos Kai, acorde! - cutuquei-o com o pé - Precisamos sair daqui agora!

Ainda era um pouco cedo, mas fora suficiente para recuperarmos nossas energias, apesar de um pouco feridos. Àquela altura, diversos ANBU deveriam estar na nossa cola, precisaríamos sair da vila ou então nos esconder por ora.

- Vamos Kai! Nós temos que dar o fora daqui. Agora com o Mangekyou, nós podemos matar o maldito Mizukage, só que eu e você precisamos treinar. - falei ainda tentando acordá-lo - Temos que sair da vila...

Enquanto falava, fui puxando Kai pelo braço. Eu tentaria sair pela janela assim que ele estivesse acordado, para que a dona da casa não notasse nossa presença.

Equipamentos:

- Me desculpa Seles, mas já estou me demorando demais por aqui, deixei a minha irmãzinha sozinha em casa e ainda tenho q enterrar minha prima antes que amanheça.

Levantei-me colocando o corpo gelado de minha famíliar nas costas, aproveitaria da penumbra da noite para chamar menos atenção, entretanto, sentia que não seria a ultima vez que veria aqueles estranhos ninjas que pareciam ser mais interessantes do que a maioria. Já não chorava, pois havia muito trabalho a fazer naquela noite. Minha irmã iria ficar transtornada quando recebesse a noticia da morte de nossa prima, ela a idolotrava de um jeito extremo, tinha mais admiração pela herdeira do Jõki boi do que por nosso falecido pai. Saber que eu seria a mensageira da morte já fazia minhas pernas tremerem, ia sobrar pra mim amansar a fera.

Seles se dirigia à cozinha e meu estomogo protestou quando fui em direção contrária, sim eu estava faminta. -Foi um prazer conhece-la jovem senhora de coração grande. - A dona da casa realmente era muito boa, ao contrário de seus anfitriões. - Sei que não te conheço, mas aceite um conselho bem intencionado: Não abaixe a guarda para aqueles ninjas, eu os vi lutar.- Fui em direção a porta onde fui abraçada pelas sombras e comecei a correr como corpo evitando lugares movimentados, fazendo o minimo de som até chegar à área residencial do meu clã;

END POST