Residência de Mugen - Lar Chinoike

  O ideal não é nada, até você lutar por ele.

Mugen Chinoike, o trovão negro

  O ideal não é nada, até você lutar por ele.

Mugen Chinoike, o trovão negro

Kage Bunshin

Chegaria em minha residência, que estava não frequentada há alguns dias. Algumas coisas indicavam que meus pais estiveram por ali recentemente, mas como era de se esperar, não se mantiveram. Sempre ocupados com assuntos que nunca foram muito da minha conta, afinal. Não fazia ideia de onde passavam a noite, mas, não era como se este fato mudasse algo para eles. Apenas deixaram uma pequena bagunça para que eu pudesse arrumar, como era de costume. E assim foi feito: lavei a louça, arrumei a sala, dentre outras tarefas simples porém importantes na manutenção de uma casa.

Quando finalmente terminei, me dirigi a sala de treinamento e desabei meu corpo no chão, como se ele desejasse apenas um simples descanso. Já não estava com meus equipamentos básicos - afinal, não passava de um clone, e carregava poucas coisas com si. Então só retirei a peça de roupa superior, para me sentir mais a vontade. E, mesmo que não em posição de lótus ou coisa parecida, viajava em pensamentos quase que místicos.

Ali mesmo, largado ao chão e tentando refletir sobre a minha espiritualidade, poderia ver de relance Kannon, o deus dos mil braços. Não que eu já tivesse visto sua imagem ou algo do tipo, mas era como eu o imaginava em minha cabeça. Ele estava numa posição de meditação, e me encarava fixamente, enquanto composto apenas de uma luz amarela incandescente. Tentava me aproximar, mas meus pés estavam presos ao chão. Uma de suas mãos vieram até mim, e seu indicador relou em minha testa, enquanto ele esticava seu braço de proporção gigantesca.

Talvez eu tenha ali cochilado, após tudo isto, e mal me recordava dos últimos instantes enquanto ainda totalmente desperto. Mas sentia que aquilo era tão saudável, mentalmente e fisicamente, quanto uma simples meditação. E queria dizer algo, pelo que parecia... Ficar parado não ajudaria, para variar. Levantaria, me arrumaria e sairia logo em seguida, precisava apenas botar a casa em ordem e pensar.

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Uma nova jornada

Era nostálgico ficar frente a frente com minha casa, depois de tanto tempo fora. Um sentimento estranho passava pelo meu corpo, mas não conseguia defini-lo como bom ou ruim. Poderia ter nascido e vivido ali, mas agora parecia que não passava de um edifício como qualquer outro. Tão pouco tempo no Templo do Céu e aparentava que sentia uma consideração maior por lá do que por aqui. Compreendia que era consequência da forma que fui criado, e das privações que recebi no decorrer de minha infância. Eu queria ser como um pássaro que voa aos céus, mas fui mantido em uma gaiola até agora. No entanto, é época de mudanças.

Adentrei pela porta, e deixei meus sapatos logo na entrada, para que não levasse a poeira das ruas para dentro. Dei uma intensa tragada ao cachimbo que portava, o ajeitando dentre meus lábios e exalando uma densa fumaça que se espalhava pelo local. Mesmo que em local fechado, era um bom passatempo para não só relaxar, como também refletir sobre a vida e sobre todo meu progresso até então. Com vagarosos passos, me dirigi até o quarto, onde estaria para se dedicar ao arrumar de meus equipamentos, antes de partir em viagem.

Estirei um pergaminho de grande porte sob minha cama, que estava anteriormente fixado em minhas costas. Despejei uma sacola de pertences por cima, onde estava repleto de pergaminhos contendo descrições de técnicas que teria interesse em aprender, além de um livro que servia como auxílio na arte do fuuinjutsu, recebido de presente do monge Hui Ying. No entanto, eram demasiados itens, e não poderia simplesmente sai-los carregando por ai em uma sacola ou coisa semelhante, e por isto colocaria em prova aquilo que havia aprendido no Templo do Céu.  

A partir daquele momento, estava a adentrar num estado de concentração. Meus olhos lentamente se fechavam, e minha mente parecia se isolar de tudo que estava ao meu redor. Era como se ela fosse capaz de distinguir qual era o barulho da criança irritante que berrava ao lado de fora, dos passarinhos que cantavam alegremente naquele início de tarde, e estava a ouvir apenas o que a convém. Rapidamente, os momentos que passei ao templo iam surgindo em minha imaginação de pouco em pouco, como se ela estivesse a criar uma ordem cronológica e fazer uma síntese de todo o conhecimento e experiência que então obtive.

Aquela concentração me fazia mais próximo do caminho espiritual que agora seguia, e aquilo estava claro para mim. Por exemplo, podia sentir sem nem mesmo vê-los, os pequenos rukhs que voavam ao meu redor. Brilhavam num intenso amarelo, que também era um outro motivo para reforçar minha singela opinião - estas criaturas tinham suas cores de acordo com minhas emoções atuais, e se eu estivesse com raiva, rapidamente assumiriam um aspecto vermelho-sangue. Afinal de contas, se tratavam de personificações de minha consciência e estavam todos interligados a mim.

E todo aquela meditação não passava de uma preparação para que eu pudesse realizar o que estava vir a seguir. Abria os olhos lentamente, embora minha mente ainda estava tranquila e serena, sem pensamentos diversos que pudessem confundi-la. Formando uma posição de gancho com minhas mãos, puxei todos aqueles pergaminhos pequenos para perto de mim, e apanhava o primeiro: de tão centrado no que estava fazendo, percebia o chakra fluindo em meu corpo e se tornando mais denso na região da palma de minha mão. O pressionava contra o pergaminho grande, como se desejasse que um entrasse dentro do outro, e assim foi feito, deixando para trás um símbolo característico que permitia com que eu o reconhecesse. Após selar o primeiro com sucesso, faria o mesmo processo com todos os outros - o único que ficava de fora correspondia ao pergaminho do Kaifu no Jutsu, habilidade responsável por deslacrar os itens, a guardando no bolso de kunais e shurikens.

Suspirava, por sanar o problema daqueles vários itens em minha posse. Mas de relance lembrava também do livro, que não caberia em meu bolso, mas um pergaminho pequeno seria o suficiente para que isto se resolvesse. Saquei um de meus pergaminhos, presos no meu cinto de utilidades, e fiz o mesmo que aos pergaminhos de técnicas, graças ao estilo de luta que conhecia, que consistia em anexar itens. Após, simplesmente guardava o pergaminho pequeno em seu lugar de origem e voltava a fixar o pergaminho grande em minhas costas, numa posição diagonal.

Do quarto, agora me dirigia para a sala de treinamento. Grande e com objetos de auxílio para os treinos, era perfeita para o que tinha pretensões de fazer. O tempo no templo não serviu para que apenas me tornasse um habilidoso ninja na arte do fuuinjutsu, como também aprimorasse meu dojutsu que agora era capaz de realizar feitos consideráveis. Mas, a ausência de uma habilidade que usufruísse de suas capacidades era o problema que eu estava destinado a contornar, se tornando algo a que eu pudesse recorrer se em algum momento eu estivesse em perigo, ou coisa relacionada.

Num ligeiro piscar de olhos, fiz com que eles assumissem uma coloração diferenciada. O meu doujutsu Ketsuryugan, habilidade ocular que é uma herança do clã Chinoike, se ativava. E então, como preparação do que estava prestes a realizar, decidi que antes deveria estar apto fisicamente. Para aquecer meu corpo corria em pequenos círculos naquele cômodo, no que chamava de trote, apenas por alguns minutos. Tudo isto porque fazer esforço com o meu corpo frio poderia me causar prejuízos, ainda mais para alguém com resistência tão baixa quanto eu.

Em seguida, pude começar com alongamentos, este responsável por aumentar a flexibilidade de meu corpo e prepará-lo para esforços que pudessem vir a surgir, e era um fato de que ele teria que se esforçar. Exercícios simples vieram logo em seguida, como flexões e abdominais. Cerca de quinze repetições, em três séries. Suficiente para o avanço até a próxima etapa, que seguira mais prática.

Fechava os olhos, sentindo o chakra fluindo sob meu corpo. Conforme o tempo passava, como um sentido que estivesse a surgir, sentia o sangue que pulsava de meu coração e era distribuído pelos vasos sanguíneos. Então, mesclava o chakra sob meu sangue graças as habilidades fornecidas pelo dojutsu, de forma que ele fosse responsável por aumentar a velocidade com que ele estava sendo bombeado: uma forma de obrigar meu corpo a consumir mais nutrientes e desempenhar melhores capacidades físicas.

Minha pele lentamente assumia uma coloração vermelha, enquanto vapor parecia sair de si. Tudo porque a temperatura de meu corpo estava se elevando de maneira considerável, só não o suficiente para que fosse prejudicado. Testando o alcance de minhas novas capacidades, me impulsionei em linha reta, e a velocidade ampliada da qual estava desacostumado indicava um progresso gigantesco. Gear Second, era o nome daquela técnica que acabara de desenvolver.

Num profundo suspiro, a minha cor de pele foi voltando ao normal. Uma vez que já ativada, fazer o mesmo processo outra vez e mantê-lo seria de extrema facilidade, e o necessário já estava aperfeiçoado. Consequentemente, o doujutsu se desativava, uma vez que não era mais obrigatório seu uso. Uma exaustão tomava conta do meu corpo, neste exato momento, indicando que eu precisaria dormir antes de viajar. Larguei todos meus pertences, os deixando de lado, e resolvi deitar ali naqueles tatames mesmo. Sabendo que acordaria renovado, para testar meu novo item, apliquei uma carga de chakra imensa sob um dos brincos, o suficiente para carregá-lo por inteiro, enquanto o segundo com capacidade de armazenar chakra recebia uma porcentagem equivalente a metade. Uma hora talvez pudesse ser útil. Entraria num profundo sono, logo em seguida.

Neste meio tempo, o kage bunshin ciente de que estaria neste local, uma vez que seria o destino final dentro da aldeia antes de se dirigir em viagem, chegava e deixava tudo que carregava comigo, se dissipando logo em seguida e me situando sobre a conversa com o raikage, que deu permissão para prosseguir com a viagem. 

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Uma nova jornada

Me equipando por completo, deixei um bilhete escrevendo o porque de minha ida para meus pais, e me retirei dali.

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